Cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no Brasil são câncer de pele não melanoma. O índice do Instituto Nacional de Câncer (Inca) acende o alerta para o tratamento e prevenção da doença que, na maioria das vezes tem cura quando detectada e tratada de forma precoce.
Em Santa Catarina, os casos identificados são cerca de 4% maiores do que os detectados nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia/SC (SBD SC). Considerando a aproximação do verão e o aumento dos riscos relacionados à doença, o último mês do ano é marcado pela campanha Dezembro Laranja, promovida pela SBD em combate ao câncer de pele.
De acordo com o último Atlas de Mortalidade por Câncer divulgado pelo Inca, 107 pessoas foram vítimas da doença em Santa Catarina em 2019, sendo 65 homens e 42 mulheres. A região Sul é uma das que tem maior incidência do câncer de pele não melanoma em homens, segundo o Instituto. No caso das mulheres, todas as regiões do país são consideradas com ocorrência alta de casos.
Os especialistas consideram que alguns fatores aumentam o risco para a doença, como histórico familiar, tom de pele e de cabelo. “Um conjunto de fatores de risco pode estar relacionado ao câncer de pele, porém o principal é o excesso de exposição solar ao longo da vida, principalmente em horários inadequados. Outros fatores associados são a história pessoal ou familiar de câncer de pele, fatores genéticos e ambientais, além de doenças e medicamentos que provocam imunossupressão”, explica, Marcelo Rigatti, presidente da SBD SC.
O médico afirma ainda que em Santa Catarina a origem europeia contribui para a incidência da doença. A profissão de muitos moradores, ligada ao campo, e os hábitos de lazer, como ir à praia, também deixam as pessoas sujeitas a queimaduras e desenvolvimento do câncer. “Da população que foi atendida na Campanha de 2019 no Estado, cerca de 12% estavam acometidas por algum tipo de câncer de pele”, lembra o médico.
Dezembro Laranja
Trazendo a mensagem “Adicione mais fator de proteção ao seu verão” a intenção da Sociedade Brasileira de Dermatologia em 2021 é unir os cuidados com a pele às práticas adotadas durante a pandemia de Covid-19.
Devido ao controle maior no cenário da pandemia, a expectativa é que neste verão as praias e os espaços abertos voltem a ser ocupados com muito mais intensidade, aumentando a exposição ao sol.
Sintomas
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, em um primeiro momento o câncer de pele não melanoma pode parecer com pintas ou outras lesões benignas. A principal orientação é para que a população busque um dermatologista e faça exames clínicos específicos, mas existem sinais que ajudam a evidenciar que algo na pele não está correto.
- Lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
- Pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, com bordas irregulares e tamanho crescente;
- Mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
Para auxiliar na identificação dos sinais perigosos, os dermatologistas lembram que é possível observar a chamada “Regra do ABCDE”. Nessa análise, as pessoas devem olhar a assimetria, borda, cor, dimensão, além da evolução (mudança de cor ou tamanho) desse sinal.
Prevenção
Não se expor de forma excessiva ao sol e proteger a pele da radiação ultravioleta (UV) são as principais formas de prevenir os tumores na pele. “O uso de roupas adequadas, filtro solar adequado, usar chapéus, bonés e óculos escuros, ingerir alimentos carotenoides (amarelos e vermelhos), beber bastante água e sempre estar bem informado com o seu dermatologista, são as principias formas de prevenção”, afirma o Marcelo Rigatti.
Os grupos de maior risco são pessoas de pele clara, com sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, queimaduras solares, incapacidade para se bronzear e muitas pintas também devem ter atenção e cuidados redobrados.
Veja algumas formas de proteção
- Usar chapéus, camisetas, óculos escuros e protetores solares;
- Cobrir as áreas expostas ao sol com roupas apropriadas;
- Usar filtros solares diariamente e não somente em horários de lazer ou de diversão. O produto deve ter bloqueio contra radiação UVA e UVB e ter um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo;
- Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre às 10h e às 16 horas;
- Observar regularmente a própria pele para estar atento às pintas ou manchas suspeitas.